quinta-feira, 13 de junho de 2013

Envenenamento de animais em MG é mistério e gera até recompensa

Polícia investiga o caso em Rio Paranaíba e acredita que 20 já morreram.

Moradora que perdeu cadela teme que veneno possa chegar à população.


Polícia afirma que mais de 20 cães morreram (Foto: Miller Mesquita/Arquivo Pessoal) 
Polícia afirma que mais de 20 cães morreram
(Foto: Miller Mesquita/Arquivo Pessoal)
Caos. É assim que o zootecnista Miller Mendes Mesquita define o que está ocorrendo com os animais de estimação na cidade de pouco mais de 11 mil habitantes, Rio Paranaíba, na região do Alto Paranaíba. De acordo com ele, do dia 26 de maio até esta quarta-feira (12) ele atendeu mais de 50 cães envenenados. A Polícia Civil afirmou que há registro de pelo menos 20 mortes de animais em menos de um mês na cidade. Já a Secretaria de Meio Ambiente acredita que o número de mortes possa ultrapassar os 50.
A polêmica já invadiu as redes sociais com direito a recompensa. Na página do grupo da Associação dos Defensores e Amigos do Meio Ambiente está sendo realizada uma campanha para arrecadação de dinheiro para usar como recompensa para quem denunciar com provas o autor ou autores desse crime.
O zootecnista Miller Mendes contou ao G1 que a forma de envenenamento dos animais é sempre do mesmo modo, através de um produto agrícola chamado Temik, conhecido por chumbinho. “O produto tem sido colocado em carne moída, carne de porco, pão de queijo e até em bolachas recheadas”, disse.

Além dos cachorros atendidos pelo veterinário, ele disse que há vários animais que não conseguiram ser socorridos. “Só nesta terça-feira um coletor de lixo me contou que 14 animais foram recolhidos mortos”, acrescentou.
Miller Mendes trabalha há 10 anos na profissão e nunca tinha vivenciado uma crueldade como essa. “O caso está muito sério. Cada dia que passa os envenenamentos aumentam e as mortes também”, ressaltou.
Entre as vítimas dos envenenamentos está a companheira de oito anos da comunicadora Thaís Flávia. No início deste mês ela encontrou a cadela Suzy envenenada na garagem de casa. Ela conseguiu levar o animal para receber atendimento, mas não resistiu. “Eu e minha família estamos sofrendo muito com a morte de Suzy. Ela era uma cachorra muito querida. O sentimento que fica é de indignação”, contou.
Thaís Flávia perdeu a sua companheira de oito anos envenenada (Foto: Thaís Flávia/Arquivo Pessoal)Thaís Flávia perdeu a companheira de oito anos envenenada (Foto: Thaís Flávia/Arquivo Pessoal)
Thaís afirmou que além dela há varias pessoas sofrendo pela morte dos animais de estimação. “Andando pelas ruas da cidade encontrei e recolhi muita carne envenenada. Quem está fazendo isso, está desafiando a população e até a polícia”, desabafou.
A comunicadora também está preocupada com o alto índice de envenenamentos dos animais e teme que isso possa atingir os moradores. “Fiquei sabendo que estão colocando chumbinho até em bolacha recheada. Imagina se uma criança pega e come um desses biscoitos?”, indagou.

Andando pelas ruas da cidade encontrei e recolhi muita carne envenenada. Quem está fazendo isso, está desafiando a população e até a polícia"
Thaís Flávia, comunicadora
A situação também gerou sofrimento e aflição ao estudante Paulo Henrique Chaves. Ele quase perdeu o cão da família por causa do envenenamento. “Encontramos o cachorro quase morto na garagem. A nossa sorte foi que ele conseguiu vomitar a carne com os chumbinhos. Após o ocorrido, o levamos ao veterinário e hoje ele está bem”, lembrou.

O estudante está perplexo com a situação e contou que a cada dia se depara com cães e também gatos mortos nas ruas da cidade. No domingo passado ele presenciou dois cachorros se agonizando por causa do veneno. “É muito triste. Já vi muita gente chorando porque perdeu o animal de estimação. O que mais me indigna é ver que existem pessoas que não avaliam o que está acontecendo como um problema e acham normal os animais morrerem”, disse.

O caso já foi parar na Polícia Civil da cidade e os envenenamentos estão sendo investigados. Há a informação que mais de 20 boletins de ocorrência foram gerados motivados pelo problema, que dura quase um mês na cidade. Segundo o investigador da Polícia Civil Paulo Davi Meireles Dias, o caso está sendo averiguado e a polícia tem dado andamento as ocorrências. “Estamos empenhados em resolver a situação e acreditamos que essa ação esteja sendo feita por mais de uma pessoa”, comentou.
O delegado Ítalo de Oliveira Cardoso Boaventura afirmou que há registro de pelo menos 20 mortes de animais de estimação em menos de um mês na cidade. “Estes são os casos que foram geradas ocorrências, mas acreditamos que o número de mortes de animais seja bem maior”, explicou.
Carnes envenenadas foram recolhidas das ruas da cidade (Foto: Thaís Flávia/Arquivo Pessoal) 
Carnes envenenadas foram recolhidas das
ruas da cidade (Foto: Thaís Flávia/Arquivo Pessoal)
Para o delegado, neste momento é importante que a população redobre os cuidados com os animais de estimação e não os deixem sair sozinhos, pois os produtos envenenados estão sendo deixados nas ruas e isso gera risco para os animais soltos. Há casos onde foram jogados produtos em garagens. “A delegacia está toda mobilizada e estamos dando prioridade ao caso. Os levantamentos já começaram a ser feitos e até algumas imagens de câmeras de segurança podem ser analisadas. Essas mortes estão chocando a cidade e estamos em busca de solução”, disse.
O secretário do Meio Ambiente, Jader Rocha, acredita que entre gatos e cachorros já foram mortos mais de 50 animais, sendo a maioria no Centro da cidade. Ele informou que a Prefeitura terceirizou um caminhão para recolhimento dos animais, que foram enterrados numa vala.

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